segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

"Cleópatra" de Joseph L. Mankiewicz [1963]


Muito mal apresentadinho, graçass a Zeus e como é de resto, habitual e típico da estação, apresentou a RTP Memória recentemente o "blockbuster" de Joseph L. Mankiewicz, "Cleópatra".

Trata-se de um filme que foi um colossal fracasso de bilheteuira e que, como muitos outros portugueses da minha geração, vi pela primeira vez, quando estreou entre nós, no falecido Monumental.

É também um dos mais 'odiados' filmes da História do cinema. Não será, excepto num sentido muito negativo, completamente oposto ao que pretendeu Walter Wanger, o produtor independente que colaborou na feitura da película [1], "a classic" ["a great motion picture to be seen not just onde year, but a classic to be seen by succeeding generations"] e "the greatest film ever". Não será [não é seguramente!] tão-pouco "Antony and Cleopatra" de Shakespeare ou "Caesar and Cleopatra "de Shaw mas julgo também, a avaliar pelo relato que Wanger dá da preparação para o filme que nunca pretendeu ser senão aquilo a que hoje chamaríamos talvez uma ópera pop essencialmente comercial baseada em topos culturalmente referenciais embora não necessariamente rigorosos em termos estritamente históricos.

O filme de Mankiewicz tem, com efeito, tudo pasra se tornar numa grande ópera popular com figuras e motivos que a tradição totrnou absolutamente referenciais e até emblemáticos e mesmo simbólicos, como convém a um libreto operático. Chamar-lhe "um dos piores filmes alguma vez realizados" representa, a meu ver, uma tremenda injustiça.

Sobretudo, tendo em conta que além do filme de Mankiewicz existe o "deslize" de Hawks que foi "Land of the Pharaos"e quase toda a pomposa filmografia "histórica" e bíblica" de Cecil B. de Mile, designadamente a famosíssima segunda versão d' "Os Dez Mandamentos", em meu entender, esse sim um dos cinematograficamente mais ignoráveis e até cinematograficamente mais desprezíveis filmes de sempre, uma "geringonça" narrativa sem personagens [bonecos de carne e osso substituem-nas com evidente vantagem para as audiências embasbacadas perante a habilidade dos truques, audiências essas que já conheciam aqueles ícones todos, de Moisés ao faraó, da Bíblia--facto que muito contribuiu em meu entender para o enorme sucesso pop do filme, em larga medida devido justamente a essa falsíssima impressão de inteligência que dá a banalidade engenhosamente disfarçada de obra de arte.

Em "Cleópatra" temos o shakespereano Richard Burton [segundo Wanger originalmente recusado com veemência pelos produtores] num papel que chegou a ser dado a Stephen Boyd, que ainda filmou algumas sequências com Peter Finch num 'César' que acabaria, ciomo se sabe, entregue a Rex Harrison, o sempre competente Rex Harrison [num papel onde Wanger "via" bem mais James Mason ou Laurence Olivier e os estúdios Cary Grant, Yul Brynner e Curt Jurgens] assim como alguns "secundários"de qualidade como o "hitchcockiano" Hume Cronyn.

Uma curiosidade histórica sem dúvida muito interessante é que o filme esteve para ser dirigido por Rouben Mamoulian e por Alfred Hitchcock, deixando nos muitos hitchcockianos pelo mundo fora, a dúvida de saber como seria a película dirigida pelo mestre de "Under Capricorn" ou "Jamaica Inn" , dois filmes "de época" realizados por Hitchcock.

Não é [longe disso!] o melhor filme alguma vez feito além de fazer pouca ou nenhuma justiça às mulheres, mau grado ser, como sublinhou sem adiantar qualquer outra necessária reflexão a apresentação do filme na RTP Memória, limitando-se a recordar que é uma mulher a fornecer o título e o eixo em torno do qual toda a história é suposto que gire. De facto, a ideia que o argumentista faz da Mulher é uma manifestamente negativa que está, porém, fortemente enraizada na rradição judaico-cristã: a da Mulher como referência e mesmo encarnação perversa do Mal da des-ordem, agindo na sombra onde tece as malhas de uma tragédia protagonizada pelos homens. É, um efeito, Lady Macbeth, de sucesso assegurado, astuciosamente assente numa Elisabeth Taylor que era à época o próprio rosto do escândalo [Wanger cita frequentemente a "epopeia" das exigências de Taylor em matéria de cabgeleireiro, o famoso Sidney Gilaroff que só a muito custo conseguiu vencer a resistência dos cabeleireiros britânicos onde o filme começou a ser filmado e figurar na ficha técnica da película].

Pouco antes casada com o recentemente desaparecido Eddie Fisher, o qual, como é sabido deixara a mulher Debbie Reynolds, amiga de Taylor, mas todo o oposto da imago pública "escandalosa" e fortemente erotizada desta última, para casar com a heroína de "A Place in the Sun" .

"Cleópatra" joga com os fantasmas cultu[r]ais sexuais de um público essencialmente puritano , puritanamente misógino e em geral, pouco dado a grandes reflexões em matéria histórica e/ou antropológica? Com certeza!

Um evidente oportunismo caracteriza, de facto, indiscutivelmente o ideário implícito da películas onde se vê mal Audrey Hepburn a fazer de Cleópatra, hipótese que, sempre segundo Wanger, chegou a pôr-se com elevado grau de probabilidade, ao lado das bem mais prováveis Joan Collins, Suzy Parker, ou até Gina Lollobrida [que havia feito "Solomon and Sheba" com Yul Brynner] e Sophia Loren.

Recuso-me, todavia, a incluir "Cleópatra" entre os não-sei-quantos piores, como já foi, aliás, abundantemente feito: é, com efeito, um filme "histórico" onde, ao contrário de tantos outros, o diálogo e a respectiva interpretação não constituem um mero ornamento ou excrescência.

É tão somente, diria eu, um filme para ser re/visto com espírito crítico e cautelas intelectuais e artísticas de todo o tipo, semelhantes às que levaram o próprio Laurence Oliviar, muito pretendido pelos produtores, em especial Spyros Skouras, a recusar misturar o seu nome ao filme.É preciso, porém, recordar que um escritor da estirpe de Lawrence Durrell não hesitou em aceitar colaborar no script.

Trata-se, em suma de um filme que se "deixa ver", desde que o abordemos, repito, como uma audiência mais culta abordaria uma ópera ou, em alternativa, de um ponto de vista muito mais antropológico do que propriamente cinematográfico--o que reforça, aliás, quero crer, o interesse em torno da ideia de saber como resultaria a pelíccula dirigida por um realizador da estirpe de Hitchcock.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011


Estou a pensar nos neo-"revolucionários" do CDS do PSD e do PS que, depois de terem feito o que puderam para sabotar a sua própria Revolução, se esganiçam, agora, a aopoiar o que entendem ser as das outros. Contra os poderes opressores que ajudaraqm a eternizar-se no poder. Leia-se o "Monde" de 18 de Fevereiro no aetigo "Les Liasons dangereuses entre la France et la Tunisie de Ben Ali". Aí se fala das negociatas entre a família da ministra do trabalho francesa e o autocrata recentemente deposto com o apoio do chamado "Ocidente". Uma desvergonha e uma hipocrisia que agora ameaça fornecer um ensejo para que a Grécia volte a pegar fogo.

Não-hão-de faltar quando o dominó começar a cair peça a peça os guinchinhos histéricos de acusação aos comunistas e aos "militantes anti-globalização" que têm, nestas coisas, como se sabe, as costas bem largas. Acho divertido que quantos internamente apontam o dedo à moção de censura ao governo, acusando-a abrir a porta a um governo de duireita radical dando de barato que é ele que vai surgir sobre os despojos de um dos económica, social e politicamente mais desprezíveis governos que o País já conheceu [e conheceu vários de Salazar e Caetano a Cavaco!]; acho imensamente divertido, dizia, que essa gente apoie hoje as revoltas que surgiram na esteira da tunisina e abra assim, senão a porta, ao menos a ja nela a um poder islamita radical quando não a um contra-ataque diplomático-militar restauracionista norte-americano-judaico com o beneplácito [e o dinheiro] das grandes petrolíferas interessadas no status quo agora ameaçado de ruptura. Claro que, para os cristãos-novos da "revolução", no Egipto como na Líbia como no Portugal de 75, esse é decididamente um mal menor. They know they will soon come up with a new handyman to do do the dirty work for them...
Pessoalmente, confesso, são decididamente sempre muito mais estes que eu temo.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

"Com defensores destes, quem precisa de detractores?"


O Sporting´[digo-o sem sombra de sarcasmo!] é um grande clube que não merecia ser representado por alguns figurões indescritivelmente inábeis que, actuando em seu nome, tudo fazem para lhe criar embaraços e somar dificuldfades aos inúmeros problemas que já afligem o clube.

Tive ontem ocasião de confirmá-lo perante a crise histérica sofrida em directo por um dos mais mediáticos "notáveis" do clube que na TVI resolveu, a pretexto de minimizar a vitória do Benfica no 77º derby , "linchar" publicamente, em termos profissionais, o treinador da própria equipa, na sequência de um outro tiro no pé dado por um candidato à presidência do clube que recentemente interrogado sobre se, quando/se fosse eleito iria rever a composição do plantel sportinghuista repondeu afirmativamente referindo-se à "evidente necessidade e até urgência de fazê-lo", desvalorizando, desse modo, na prática e para todos efeitos, o actual grupo de jogadores ao serviço do clube.

Não será muito difícil imaginar como se sentem os jogadores ao entrar em campo para defenderem um clube que não acredita neles [ou, pelo menos, em al«gunas deles, de resto, não identificados] nem como será recebido pela "rua" sportinguista daqui em diante o trabalho de um treinador "linchado" profissionalmente, em público por um associado "notável", cm plana crise aguda de incontinência verbal.
Tenho para mim que o mau início de época do Benfica não pode ser dissociado da descrença que pode ter invadido os espíritos dos jogadores da equipa principal de futebol resultante dos contínuos lamentos do seu treinador envolvendo as saídas de Di Maria e Ramires, lamentos esses naturalmente sentidos por todos, joggadores obviamente incluídos, como um atestado de menoridade e incompetência passado aos futebolistas do Clube que ficaram a defendê-lo e designadamente às novas contratações uma delas, tendo aliás sido decisiva para a vitória de ontem: Nicolás Gaitan, vítima futebolística, durante muito tempo, da confessa nostalgia institucional amiúde manifestada, como digo, relativamente aos jogadores em causa...
A quem fala em representação dos clubes exige-se naturalmente contenção e inteligência no discurso, sabendo nós que um disparate pronunciado na televisão está em geral condenado a tornar-se verdade absoluta, pouco tempo depois.
Perante crises histéricas como a de ontem à noita é quase irresistível a tentação do recurso a uma paráfrase de um célebre cliché: De facto, com defensores e "notáveis "destes, quem precisa de atacantes ou arruaceiros?...
Aklém de um deplorável sinal de mau perder, funcionam os casos que citei como um incentivo ao desânimo de um plantel e de um técnico completamente abandonados por dirigentes irresponsáveis e sem a mínima noção do respeito devido aos adeptos, dirigentes que, incapazes de reconhecer as culpas próprias, preferem fazer as malas e "pôr-se a milhas" das situações por si criadas e/ou consentidas abandonando à sua sorte aqueles que, em dado momento foram buscar para representar o clube, desresponsabilizando-se, em seguida, daquilo que é, afinal, um acto de gestão cuja responsabilidade tem naturalmente de ser-lhes imputada.
[Na imagem: separata de um velho "Mundo de Aventuras", representando as equipas principais de futebol do Benfica e do Sporting, preparadas para disputar um jogo da Taça de Portugal, referente à época de 1951-52

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Já por mais de uma vez aqui trouxe este tema das peculiaríssimas relações entre o capitalismo político ou economocracia e o Estado de que ele é suposto precisamente prescindir.
Ele, pelo menos não se cansa de propalar que viveria muito melhor sem Estado uma vez que o Estado [como o povo] "só atrapalham" e .

Voltei a lembrar toda esta questão quem, decvo dizer, considero verdadeiramente típica-e-tópica do farisaísmo que, a meu ver, caracteríza o 'sistema'.

Um farisaísmo que registo desta feita a propósito de um assunto sobre o qual me debruço mentalmente muitas vezes, desde logo, por razões de ordem profissional: a recente polémica entre uma série de colégios e instituições de carácter privado viradas para o ensino que, durante muitos anos se substituiram a um estado preguiçoso e incompetente, incapaz de respeitar compromissos e dotar o País de um parque escolar autónomo em condições de cumprir sem ficar, pois, refém de interesses que não são necessária nem prioritariamernte os do conjunto da sociedade portuguesa o imperativo constitucional de assegurar a formação escolar da população.

Mas por em que aspecto ou aspectos concretamente?

Quando se ouvem os advogados da "livre escolha" que mais não é, em meu entender, do que a utilização do Estado como corretor de negócios privados invulgaermente lucrativos na medida até em que apresentam geralmente a característica adicional curiosíssima de funcionar como garantia de que os privados envolvidos nesses negócios têm apenas lucro [veja-se, por exemplo, a mina que são para cetas entidades as auto-estradas e as pontes, em Portugal literalmente proibidas de dar prejuízo, antecipadamente coberto por aumentos regulares de "portagens" que outra coisa não são do que exactamente a garantia antecipada de superavit na contabilidade das entidades exploradoras]

Ora, sucede que, no caso dos colégios, que são, antes de mais, ninguém de boa fé o negará, empresas privadas concebidas para gerar lucro, o "deixar funcionar o mercado", que é, como se sabe o lema dos economocratas habituados a ver no Estado o adversário que se obstina em bloquear o ideal "épanouissement" do negócio, diraeria que fossem estes a angariar os sweus próprios alunos, devendo sobreviver sem ser preciso que o Estado que tanta desconfiança em geral lhers merece, a fazê-lo por eles, garantindo a respectiva viasbilidade económica e finasnceira.

Assim se confirma, pois, a meu ver, de forma eloquente, a iminha deia de que viver sem o Estado só é bom na teoria, sendo, na prática o sistema de "economia saudável" sem Estado corre sérios riscos de completa inviabilidade, como se comprova pelos inúmeros colégios e instituições privadas de ensino que "vão fechar" sem a comparticipação do Estado ou com reduções drásticas da mesma.

Na Assembleia da República os partidos de direita propõem-se mesmo ao que dizem os jornais e a televisão. abrir uma espécie de leilão ou de lota a fim de proceder ao rateio do custo ou do"preço" de cada aluno, no sentido de determinar o valor final das comparticipações do Estado que dando dinheiro ou anfgariando clientes já não é intrusivo nem ameaça a saúde financweira da iniciativa, dita ainda, mau grado tudo istro, "privada".

É vêm regularmente dizer-nos os reprsentantes das instituições em causa confirmando quanto astrás digo, para aquelas uma questão "de vida ou de morte", podendo, como também digo, ao que parece, a juklgar pelos plangntes lamentos e queixas, sem os alunos "oferecidos" pelo Estado e e pagos pelo dinheiro de todos nós pura e simplesmente encerrar.



Para quem se propõe dispensar, substituindo-o, o próprio Estado, trata-se,indiscutivelmente de um posicionamento] e de uma dependência] muito peculiares que não me canso de dizer ilustra na sua tortuosa perfeição o modo de funcionamento da economocracia reinante nos múltiplos capítulos da vida nacional..


[Imagem extraída com a devida vénia de mulampert-dot-wordpress-dot-com]

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Contemporâneos - Panisgas...Pt1




Os CONtemporâneos e a desconstrução do farisaísmo dos moralistas....

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011


Gostava francamente de perceber por que motivo, em Portugal, parece sempre partir-se se do curiosíssimo princípio de que o ensino privado é melhor do que o público. Tratar-se-á de uma qualquer fatalidade? Se assim é, por que não apontar o dedo aos sucessivos governos cujos ministérios da Educação nunca foram capazes de perceber onde residia o truque ou, se assim se preferir dizer, o segredo da alegada superioridade do privado sobre o público a fim de o copiarem para a escola pública de modo a que esta pudesse atingir o suposto nível único e especial dos estabelecimentos de ensino privados. Tal como quando o mesmo poder político que foi continuamente incapaz de dar com a solução para a suposta desigualdade dos ensinos público e privado declara imprescindível que aqueles professores que forma nas suas universidasdes e escolas superiores sejam avaliados à entrada na profissão.
Também aí é o poder político que forma os professores que está realmente em causa e se põe a si mesmo em causa ao não confiar na sua própria capacidade e na das suas instituições para formar os técnicos que, apesar disso, não se exime de licenciar.

A admissão implícita de que a formação dos técnicos preparados nas universidades e Escolas Superiores de Educação não é fiável não deveria, só por si, justificar a censura e a rejeição de toda a sociedade que paga com os seus impostos a Escola pública e o ensino aí ministrado?
Se, com efeito, o Estado não confia no trabalho que ele próprio faz para formar ou até "simplesmente" avaliar [um ponto de que as "propostas" verdadeiramente surreais de uma anterior ministra da tutela, Maria de Lurdes Rodrigues, envolvendo a... "co-avaliação" pública do trabalho docente foram um sinal evidente [não poderá admitir-se que aí possa residir aí uma das chaves para a compreensão s das raízes da evidente e generalizada má imagem do ensino público?
IMas se os privados são tão diferentes para melhor, possuirão, de facto, como atrás digo, algum segredo especial insusceptível de ser copiado?
Ou será que o poder técnico-político, além de se confessar à partida não-conhecedor do segredo nem sequer é capaz de ao menos de perceber em que consiste o referido "segredo" e como introduzi-lo nas suas próprias escolas?

Mas se os privados são tão diferentes para melhor, possuirão, como atrás digo, algum segredo especial insusceptível de ser percebido e, como digo, imitado ou, pelo menos, adaptado à realidade do ensino público? Só pode ser alguma coisa desse tipo, um segredo qualquer de que o privadv seja detentor uma vez que os professores que leccionam nesse mesmo privado [eu sou um exemplo]p ossuem uma formação académica em geral comum aos colegas da escola pública pública.
Ou será que o poder técnico-político, além de se confessar à partida não-conhecedor do "segredo" nem sequer é capaz de ao menos de perceber em que consiste o referido "segredo" e como introduzi-lo, devidamente adaptado, nas suas próprias escolas? Parece-me, com toda a sinceridade, enquanto professor que fui de anbos os ensinos, que seria para aí para quem gere todo o sistema [e não para especulações gartuitas sobre os corpos docentes das várias escolas, casuisticamente considerados para aquela espécie de "ilusionismo ou prestidigitação argumentativos" tão do gosto dos média e dos atletas medi´áticos que são muitos dos "comentadores" que por aí se movimentam sempre em busca de um escandalozinho que os lance ou os conserve no "estrelato pop" que alguns alcançaram precisamente à custa da defesa de pontos de vista e de posições sensacionalistas sem dúvida eufónicas e de sucesso pop garantido e que é manifestamente o maior dos sonhos de todos eles.
Pessoalmente, estou em crer que as causas do possível menor rendimento dos alunos da escola públicas resulta sobretudo,para além como disse, de falhas graves na gestão técnico-política do mesmo [entregue muitas vezes a meros comissários políticos sem qualquer qualidade pedagógica demonstrável] de um entendimento errado dos princípios básicos da democracia.
Com efeito e ao contrário do que os respectivos inimigos, gostam de afirmar, a escola pública não tem de ser igualitária e,muito menos, forçadamente igualitarizante para ser autenticamente democrática.
Na democracia, a igualdade certa é a de acesso ao ensino, não a de rendimento , uma vez entrados os cidadãos neste.
As escolas privadas podem permitir-se seleccionar com base no rendimento real dos alunos. O des/entendimento que temos, como sociedade, tido da escola pública obriga esta a conservar mesmo os piores alunos que ela dispensa absurdamente de terem de justificar a sua permanência num sistema custeado pelo dinheiro dos impostos de todos.
Naa escola particular, ao invés do que sucede, por sistema, na pública estimula-se, muitas vezes, o mérito dando expressão institucional eferctivo à rejeição da respectiva ausência.
Queiram-no ou não os sem dúvida bem intencionados teóricos da escola que mais do que pública deveria ser chamada de "assistencial", a meritocracia tem dois sentidos. O problema não é [não deve ser] o de ocasionalmente precisar de afastar alunos do sistema: o problema deve ser o de afastar os que nele não se enquadram segundo critérios técnicos consistentes e idóneos.
Não me repugna hoje [bem pelo contrário, de facto] que os exames possuiam carácter eliminatório. A questão é que sejam bem elaborados por quem sabe realmente fazê-lo e não por alguns falsos iluminados apavorados com a ideia de que o produto da sua actividade contribua para "salgar" as estatísticas e que parecem, com frequência, conhecer tudo menos a realidade concreta do ensino e das escolas, no terreno.
Não compete, efectivamente às escolas, sacrificando o seu propósito básico que é ensinar e certificar-se de que o fizeram, operar na prática como uma espécie de gabinete oficioso de assistência social destinado a distribuir o equivalente pseudo-educacional e falsamente avaliativo de um rendimento escolar mínimo, concebido para contrabalançar a ausência de condições prévias de sucesso um nível de vida razoável e hábitos de consumo cultural facilitadores do sucesso.
Surprende-me que a direita política, que passa, como se sabe, a vida a reclamar contra o que cionsidera o "garantismo" em matéria de rendimento mínimo não consiga, em geral perceber a similitude entre ambas as realidades, no ponto que atrás refiro.
E custa-me, como homem de esquerda que esta deixe que a embar quem no combóio daquilo que, mais do que "garantismo" configura óbvio oportunismo praticado ou tolerado, a coberto das melhores intenções de justiça social, é verdade.
Eu penso que não compete, com efeito, à escola sobrepor-se a própria realidade tentando "corrigir", com sacrificício do aparelho técnico que deve conter [falo aqui, concretamente da avaliação rigorosa do rendimento escolar dos alunos], tentando "corrigir", dizia, as disfunções em matéria desse mesmo rendimento escolar decorrentes das eventuais dificuldades de natureza económica, social e cultural dos alunos, transformando, no limite, em nome de uma ideia completamente abusiva de "reposição da justiça", a atribuição de graus escolares numa espécie de outorga, no fundo, arbitrária de "títulos honoríficos", como "compensação"---bem intencionada embora, repito---para o próprio insucesso quando entende que este deriva primariamente daquelas causas exógenas anteriores e de algum modo, exteriores à entrada dos alunos no próprio sistema. Reside neste ponto, aliás, o principal pomo de discórdia entre os professores e uma certa pedagogia teórica assim como de uma certa psicologia pós-rousseauiana dita 'escolar' mas, na realidade, meramente puerocrata cujo objectivo parece ser sempre, em última instancia, o de fornecer, no primeiro caso, justificação teórica para as próprias disfunções que o sistema contém enquanto que muita da segunda pouco ou nada tem feito para ajudar a garantir que o sistema escolar permanece desejavelmente técnico [técnico-pedagógico] em todas fases e momentos do seu funcionamento normal, parecendo, com efeito, muitas vezes mais interessada, no seu, não-raro, obsessivo pietismo em justificar os mecanismos disfuncionais que ajudam a que assim não aconteça.
Não me rrestam muitas dúvidas de que a relação do-discente é uma relação intrinsecamente des-igual envolvendo alguém que detém o poder, a autoridase, porque sabe alguma coisa que a outra parte não sabe mas cuja propriedade está ali para adquirir, alcandorando-se, uma vez o processo concluído, e só fundamentadamente então, à igualdade de estatuto que muitos erradamente entendem constituir um dado a priori de todo o processo.
A democracia, tal como a temos [des]entendido, em geral nestes três decénio mais próximosesvazuiou, a meu ver, a autoridade do seu fundamento material reconhecível que era, no caso da educação, a propriedade do saber: adquiria-se autoridade À medida que se adquiria saber e era isso que fornecia conteúdo fundanmentado à própria autoridade: a ideia de que é opossível separar a autoridade da propriedade do saber conduziu a ideias de que a igualdade é aklgo que não se discute nem se pode, em última instancia medir nem explicar por coisa algumaÀ tal ideiac de que ninguém precisa justificar a sua permanência dentro de uma instituição como a escola porque esse é um direito natural e absoluto da democracia sem qualquer relação com o próprio real e com a História.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Carmen - Habanera


A des-operoperização da ópera numa revisitação magnificamente transgres
sora de Francesco Rosi com uma Migenes-Johnson verdadeiramente cintilante , física e vocalmente.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

VOcê ambém é dos que Votam com o Cu, [o Famigerado Cartão Úniconic]o de Sócrates E Cª?"?

SEe outrauilidade não tiveram as recentes eleições opresidenciais portuguesas, serviram, pelo menos para demonstrar ainda uma vez vez que é, de facto, tremendamente perigoso votar com o "Cu" como parece ter-se tornado apanágio de uma socieade que manifestamente se compraz em suicidar-se e esavcar todos os dias um pouco mais o , elegendo fulanos indescritivelmente [pri] Mários e outras caricaturas de políticos para representá-la interna e externamente.